LINGUAGENS,
CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
QUESTÃO 01
Com o advento da
internet, as versões de revistas e livros também se adaptaram às novas
tecnologias. A análise do texto publicitário apresentado revela que o
surgimento das novas tecnologias
A) proporcionou
mudanças no paradigma de consumo e oferta de revistas e livros.
B) incentivou a
desvalorização das revistas e livros impressos.
C) viabilizou a
aquisição de novos equipamentos digitais.
D) aqueceu o mercado
de venda de computadores.
E) diminuiu os
incentivos à compra de eletrônicos
QUESTÃO 02
“Ele
era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um
romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou
inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor
de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas,
indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor
de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para
ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX,
parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História
Viva,
n. 99, 2011.
Com base no texto,
que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua
obra, depreende-se que:
A) a digitalização
dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
B) o conhecido autor
de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta
obra literária com temática atemporal.
C) a divulgação das
obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância
para a história do Brasil Imperial.
D) a
digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na
preservação da memória linguística e da identidade nacional.
E) o grande
romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática
indianista.
QUESTÃO 03
eu
gostava muito de passeá... saí com as minhas colegas... brincá na porta di casa
di vôlei... andá de patins... bicicleta... quando eu levava um tombo ou
outro... eu era a::... a palhaça da turma... ((risos))... eu acho que foi uma
das fases mais... assim... gostosas da minha vida foi... essa fase de quinze...
dos meus treze aos dezessete anos...
A.P.S.,
sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental.
Projeto
Fala Goiana,
UFG, 2010 (inédito).
Um aspecto da
composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como
modalidade falada da língua é:
A)
predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
B) vocabulário
regional desconhecido em outras variedades do português.
C) realização do
plural conforme as regras da tradição gramatical.
D) ausência de
elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
E) presença de frases
incompreensíveis a um leitor iniciante.
QUESTÃO 04
Verbo ser
QUE
VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo,
um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar
outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É
terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe
tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou
obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser.
Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
ANDRADE,
C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
A inquietação
existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra
em questões existenciais que têm origem
A) no
conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e
singular.
B) na aceitação das
imposições da sociedade seguindo a influência de outros.
C) na confiança no
futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.
D) no anseio de
divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.
E) na certeza da
exclusão, revelada pela indiferença de seus pares.
QUESTÃO 05
Labaredas
nas trevas
Fragmentos
do diário secreto de
Teodor
Konrad Nalecz Korzeniowski
20 DE JULHO [1912]
Peter
Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta:
“Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por
qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam
da sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é
Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão
surgindo ele simplesmente não existe.”
20 DE DEZEMBRO [1919]
Muito
peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor
vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu,
mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu
celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi
“um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.
FONSECA,
R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras,
1992 (fragmento).
Na construção de
textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas.
Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de
jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em
questão, uma relação semântica de
A) causalidade,
segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e
a outra, a consequência.
B)
temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no
tempo o que é relatado nas partes em questão.
C) condicionalidade,
segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou
depende de circunstâncias apresentadas na outra.
D) adversidade,
segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma
orientação argumentativa distinta e oposta à outra.
E) finalidade,
segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o
meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.
QUESTÃO 06
Disponível em:
www.ivancabral.com. Acesso em: 27 fev. 2012.
O efeito de sentido
da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos
linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à
A)
polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para
transmitir a ideia que pretende veicular.
B) ironia para
conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
C) homonímia para
opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da
população rica.
D) personificação
para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
E) antonímia para
comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da
família.
QUESTÃO 07
Com
o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance de nossos olhos e de nossas
mãos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas
palavras, universalidade e interatividade.
As
luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa
universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das
práticas privadas de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das
ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor
e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo, quaisquer que
elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos
outros. Aquilo que outrora só era permitido pela comunicação manuscrita ou a
circulação dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto
eletrônico.
CHARTIER,
R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo; Unesp, 1998.
No trecho
apresentado, o sociólogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrônico como um
poderoso suporte que coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de
universalidade e interatividade, uma vez que cada um passa a ser, nesse espaço
de interação social, leitor e autor ao mesmo tempo. A universalidade e a
interatividade que o texto eletrônico possibilita estão diretamente
relacionadas à função social da internet de
A)
propiciar o livre e imediato acesso às informações e ao intercâmbio de
julgamentos.
B) globalizar a rede
de informações e democratizar o acesso aos saberes.
C) expandir as
relações interpessoais e dar visibilidade aos interesses pessoais.
D) propiciar
entretenimento e acesso a produtos e serviços.
E) expandir os canais
de publicidade e o espaço mercadológico.
QUESTÃO 08
O
senhor
Carta
a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de
você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:
Senhora:
Aquele
a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos
dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.
Bem
o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder
sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e
nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de
ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na
prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu
mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase,
ergueu entre nós um muro frio e triste.
Vi
o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas
também não era a vez primeira.
BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de
Janeiro: Record, 1991.
A escolha do
tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações
específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no
autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:
A)
“Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e
triste.”
B) “A única nobreza
do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
C) “Só poderíeis ter
encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
D) “O território onde
eu mando é no país do tempo que foi.”
E) “Não é de muito,
eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
QUESTÃO 09
LAERTE.
Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 8 set. 2011.
Que estratégia
argumentativa leva o personagem do terceiro quadrinho a persuadir sua
interlocutora?
A) Prova concreta, ao
expor o produto ao consumidor.
B) Consenso, ao
sugerir que todo vendedor tem técnica.
C) Raciocínio lógico,
ao relacionar uma fruta com um produto eletrônico.
D) Comparação, ao
enfatizar que os produtos apresentados anteriormente são inferiores.
E)
Indução, ao elaborar o discurso de acordo com os anseios do consumidor.
QUESTÃO 10
Extra, extra. Este
macaco é humano.
Não
somos tão especiais
Todas as
características tidas como exclusivas dos humanos são compartilhadas por outros
animais, ainda que em menor grau.
INTELIGÊNCIA
A ideia de que somos
os únicos animais racionais tem sido destruída desde os anos 40. A maioria das
aves e mamíferos tem algum tipo de raciocínio.
AMOR
O amor, tido como o
mais elevado dos sentimentos, é parecido em várias espécies, como os corvos,
que também criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de
luto depois de sua morte.
CONSCIÊNCIA
Chimpanzés se
reconhecem no espelho. Orangotangos observam e enganam humanos distraídos.
Sinais de que sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, são
conscientes.
CULTURA
O primatologista
Frans de Waal juntou vários exemplos de cetáceos e primatas que são capazes de
aprender novos hábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. O que é
cultura se não isso?
BURGIERMAN, D. Superinteressante,
n. 190, jul. 2003.
O título do texto
traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em
relação aos outros animais. As estratégias argumentativas utilizadas para
sustentar esse ponto de vista são
A) definição e hierarquia.
B)
exemplificação e comparação.
C) causa e consequência.
D) finalidade e meios.
E) autoridade e modelo.
QUESTÃO 11
TEXTO
I Antigamente
Antigamente,
os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os
dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não
devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na
cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda
cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava
mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da
instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para
comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas
lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando
com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O
melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de
fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele
abria o arco.
ANDRADE, C.
D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
TEXTO II
Palavras do arco da velha
EXPRESSÃO
|
SIGNIFICADO
|
Cair
nos braços de Morfeu
|
Dormir
|
Debicar
|
Zombar,
ridicularizar
|
Tunda
|
Surra
|
Mangar
|
Escarnecer,
caçoar
|
Tugir
|
Murmurar
|
Liró
|
Bem-vestido
|
Copo
d’água
|
Lanche
oferecido pelos amigos
|
Convescote
|
Piquenique
|
Bilontra
|
Velhaco
|
Treteiro
de topete
|
Tratante
atrevido
|
Abrir
o arco
|
Fugir
|
FIORIN, J.
L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado).
Na leitura do
fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras
obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português
brasileiro atual. Esse fenômeno revela que
A) a língua
portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do
cotidiano.
B) o português
brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português
europeu.
C) a heterogeneidade
do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
D) o português
brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua
independente.
E) o
léxico do português representa uma realidade linguística variável e
diversificada.
QUESTÃO 12
Cabeludinho
Quando
a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele
foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela
preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval:
aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências
verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição
deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que
buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento
de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse,
Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um
perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras
mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada.
Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que
elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar
com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a
preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
BARROS, M.
Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.
No texto, o autor
desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e
sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões
“voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o
autor destaca
A) os desvios
linguísticos cometidos pelos personagens do texto.
B) a importância de
certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa.
C) a distinção clara
entre a norma culta e as outras variedades linguísticas.
D) o relato fiel de
episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias.
E) a
valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da
linguagem.
QUESTÃO 13
TEXTO I
A
característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe o
diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido da escolha lexical; a
concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial
e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais
natural (do diálogo). É esta organização que vai “reger” a veiculação da
mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar melodia à
transmissão oral, dar emoção, personalidade ao relato de fato.
VELHO, A.
P. M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em: www.bocc.ubi.pt.
Acesso em:
27 fev. 2012.
TEXTO II
A dois
passos do paraíso
A Rádio Atividade
leva até vocês
Mais um programa da
séria série
“Dedique uma canção a
quem você ama”
Eu tenho aqui em
minhas mãos uma carta
Uma carta d’uma
ouvinte que nos escreve
E assina com o
singelo pseudônimo de
“Mariposa Apaixonada
de Guadalupe”
Ela nos conta que no
dia que seria
o dia mais feliz de
sua vida
Arlindo Orlando, seu
noivo
Um caminhoneiro
conhecido da pequena e
Pacata cidade de
Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu,
escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando
volte
Onde quer que você se
encontre
Volte para o seio de
sua amada
Ela espera ver aquele
caminhão voltando
De faróis baixos e
para-choque duro...
BLITZ. Disponível em:
http://letras.terra.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012 (fragmento).
Em relação ao Texto
I, que analisa a linguagem do rádio, o Texto II apresenta, em uma letra de
canção,
A)
estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, típico da
comunicação radiofônica.
B) lirismo na
abordagem do problema, o que o afasta de uma possível situação real de
comunicação radiofônica.
C) marcação rítmica
dos versos, o que evidencia o fato de o texto pertencer a uma modalidade de
comunicação diferente da radiofônica.
D) direcionamento do
texto a um ouvinte específico, divergindo da finalidade de comunicação do
rádio, que é atingir as massas.
E) objetividade na
linguagem caracterizada pela ocorrência rara de adjetivos, de modo a diminuir
as marcas de subjetividade do locutor.
QUESTÃO 14
Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
MEIRELES,
C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).
O fragmento destacado
foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no
entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem
e a linguagem:
A) A força e a
resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das
palavras.
B) As
relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao
significado das palavras.
C) O significado dos
nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela
vida.
D) Renovando o
significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e
suas crenças.
E) Como produto da
criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e
gestos.
QUESTÃO 15
Aqui é
o país do futebol
Brasil está vazio na tarde de domingo,
né?
Olha o sambão, aqui é o país do
futebol
[...]
No fundo desse país
Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol
Nesses noventa minutos
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora
A mesa fica lá fora
Salário fica lá fora
A fome fica lá fora
A comida fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora
SIMONAL,
W. Aqui é o país do futebol. Disponível em: www.vagalume.com.br. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).
Na letra da canção Aqui
é o país do futebol, de Wilson Simonal, o futebol, como elemento da cultura
corporal de movimento e expressão da tradição nacional, é apresentado de forma
crítica e emancipada devido ao fato de
A) reforçar a relação
entre o esporte futebol e o samba.
B) ser apresentado
como uma atividade de lazer.
C) ser identificado
com a alegria da população brasileira.
D)
promover a reflexão sobre a alienação provocada pelo futebol.
E) ser associado ao
desenvolvimento do país.
QUESTÃO 16
LXXVIII
(Camões,
1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L.
Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
SANZIO,
R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese.
Acesso em:
29 fev. 2012.
A pintura e o poema,
embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do
mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
A) apresentarem um
retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos
adjetivos usados no poema.
B) valorizarem o
excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da
mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
C)
apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os
adjetivos
usados no poema.
D) desprezarem o
conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística,
evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
E) apresentarem um
retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior,
evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
QUESTÃO 17
Das
irmãs
os meus irmãos sujando-se
na lama
e eis-me aqui cercada
de alvura e enxovais
eles se provocando e provando
do fogo
e eu aqui fechada
provendo a comida
eles se lambuzando e arrotando
na mesa
e eu a temperada
servindo, contida
os meus irmãos jogando-se
na cama
e eis-me afiançada
por dote e marido
QUEIROZ,
S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação,
1980.
O poema de Sonia
Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do
homem ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que
A) a mulher deve
conservar uma assepsia que a distingue de homens, que podem se jogar na lama.
B) a palavra “fogo” é
uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.
C) a luta pela
igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das
mulheres.
D) a cama, como sua
“alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço doméstico.
E) os
papéis sociais destinados aos gêneros produzem efeitos e graus de
autorrealização desiguais.
QUESTÃO 18
O
sedutor médio
Vamos juntar
Nossas rendas e
expectativas de vida
querida,
o que me dizes?
Ter 2, 3 filhos
e ser meio felizes?
VERISSIMO,
L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
No poema O sedutor
médio, é possível reconhecer a presença de posições críticas
A) nos três primeiros
versos, em que “juntar expectativas de vida” significa que, juntos, os cônjuges
poderiam viver mais, o que faz do casamento uma convenção benéfica.
B) na
mensagem veiculada pelo poema, em que os valores da sociedade são ironizados, o
que é acentuado pelo uso do adjetivo “médio” no título e do
advérbio
“meio” no verso final.
C) no verso “e ser
meio felizes?”, em que “meio” é sinônimo de metade, ou seja, no casamento,
apenas um dos cônjuges se sentiria realizado.
D) nos dois primeiros
versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito poético passa por
dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da mulher.
E) no título, em que
o adjetivo “médio” qualifica o sujeito poético como desinteressante ao sexo
oposto e inábil em termos de conquistas amorosas.
QUESTÃO 19
Nós,
brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas diante de Deus,
serem quebradas por traição, interesses financeiros e sexuais. Casais se
separam como inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. Bastante
interessante a reportagem sobre separação. Mas acho que os advogados consultados,
por sua competência, estão acostumados a tratar de grandes separações. Será que
a maioria dos leitores da revista tem obras de arte que precisam ser
fotografadas antes da separação? Não seria mais útil dar conselhos mais
básicos? Não seria interessante mostrar que a separação amigável não interfere
no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separação, ela não
vai prejudicar o direito à pensão dos filhos? Que acordo amigável deve ser
assinado com atenção, pois é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que
essas são dicas que podem interessar ao leitor médio.
Disponível
em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).
O texto foi publicado
em uma revista de grande circulação na seção de carta do leitor. Nele, um dos
leitores manifestasse acerca de uma reportagem publicada na edição anterior. Ao
fazer sua argumentação, o autor do texto
A) faz uma síntese do
que foi abordado na reportagem.
B) discute problemas
conjugais que conduzem à separação.
C) aborda a
importância dos advogados em processos de separação.
D) oferece dicas para
orientar as pessoas em processos de separação.
E)
rebate o enfoque dado ao tema pela reportagem, lançando novas ideias.
QUESTÃO 20
E-mail
com hora programada
Redação INFO, 28 de agosto de 2007.
Agende o envio de
e-mails no Thunderbird com aextensão SendLater
Nem
sempre é interessante mandar um e-mail na hora. Há situações em que agendar o
envio de uma mensagem é útil, como em datas comemorativas ou quando o e-mail
serve para lembrar o destinatário de algum evento futuro. O Thunderbird,
o ótimo cliente de e-mail do grupo Mozilla, conta com uma extensão para esse
fim. Trata-se do SendLater. Depois de instalado, ele cria um item no
menu de criação de mensagens que permite marcar o dia e a hora exatos para o
envio do e-mail. Só há um ponto negativo: para garantir que a
mensagem seja enviada
na hora, o Thunderbird deverá estar em execução. Senão, ele mandará o
e-mail somente na próxima vez que for rodado.
Disponível
em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado).
Considerando-se a
função do SendLater, o objetivo do autor do texto E-mail com hora
programada é
A) eliminar os
entraves no envio de mensagens via e-mail.
B) viabilizar a
aquisição de conhecimento especializado pelo usuário.
C) permitir a seleção
dos destinatários dos textos enviados.
D) controlar a
quantidade de informações constantes do corpo do texto.
E)
divulgar um produto ampliador da funcionalidade de um recurso comunicativo.
QUESTÃO 21
Picasso, P. Les
Demoiselles d’Avignon. Nova York, 1907.
ARGAN, G.
C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.
O quadro Les
Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com
a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova
tendência se caracteriza pela
A)
pintura de modelos em planos irregulares.
B) mulher como
temática central da obra.
C) cena representada
por vários modelos.
D) oposição entre
tons claros e escuros.
E) nudez explorada
como objeto de arte.
QUESTÃO 22
Capa
do LP Os Mutantes, 1968.
Disponível
em: http://mutantes.com. Acesso em: 28 fev. 2012.
A capa do LP Os
Mutantes, de 1968, ilustra o movimento da contracultura. O desafio à
tradição nessa criação musical é caracterizado por
A) letras e melodias
com características amargas e depressivas.
B) arranjos baseados
em ritmos e melodias nordestinos.
C)
sonoridades experimentais e confluência de elementos populares e eruditos.
D) temas que refletem
situações domésticas ligadas à tradição popular.
E) ritmos contidos e
reservados em oposição aos modelos estrangeiros.
QUESTÃO 23
Desde
dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de
estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que
fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas
agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O
tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à
loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela
não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu
patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura
de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar
prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série,
melhor, um encadeamento de decepções.
A
pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de
seu gabinete.
BARRETO,
L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov.
2011.
O romance Triste
fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No
fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas
iniciativas patrióticas evidencia que
A) a dedicação de
Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar
inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
B) a curiosidade em
relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem
encontra no contexto republicano.
C) a
construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do
povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
D) a propensão do
brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência
de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
E) a certeza da
fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um
projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.
QUESTÃO 24
A
marcha galopante das tecnologias teve por primeiro resultado multiplicar em
enormes proporções tanto a massa das notícias que circulam quanto as ocasiões
de sermos solicitados por elas. Os profissionais têm tendência a considerar
esta inflação como automaticamente favorável ao público, pois dela tiram
proveito e tornam-se obcecados pela imagem liberal do grande mercado em que
cada um, dotado de luzes por definição iguais, pode fazer sua escolha em toda
liberdade. Isso jamais foi realizado e tende a nunca ser. Na verdade, os
leitores, ouvintes, telespectadores, mesmo se se abandonam a sua bulimia*, não
são realmente nutridos por esta indigesta sopa de informações e sua busca
finaliza em frustração. Cada vez mais frequentemente, até, eles ressentem esse
bombardeio de riquezas falsas como agressivo e se refugiam na resistência a
toda ou qualquer informação.
O
verdadeiro problema das sociedades pós-industriais não é a penúria**, mas a
abundância. As sociedades modernas têm a sua disposição muito mais do que
necessitam em objetos, informações e contatos. Ou, mais exatamente, disso
resulta uma desarmonia entre uma oferta, não excessiva, mas ncoerente, e uma
demanda que, confusamente, exige uma escolha muito mais rápida a absorver. Por
isso os órgãos de informação devem escolher, uma vez que o homem contemporâneo
apressado, estressado, desorientado busca uma linha diretriz, uma classificação
mais clara, um condensado do que é realmente importante.
(*) fome excessiva,
desejo descontrolado.
(**) miséria,
pobreza.
VOYENNE,
B. Informação hoje. Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado).
Com o uso das novas
tecnologias, os domínios midiáticos obtiveram um avanço maior e uma presença
mais atuante junto ao público, marcada ora pela quase simultaneidade das
informações, ora pelo uso abundante de imagens. A relação entre as necessidades
da sociedade moderna e a oferta de informação, segundo o texto, é desarmônica,
porque
A) o jornalista
seleciona as informações mais importantes antes de publicá-las.
B) o ser humano
precisa de muito mais conhecimento do que a tecnologia pode dar.
C) o problema da
sociedade moderna é a abundância de informações e de liberdade de escolha.
D) a
oferta é incoerente com o tempo que as pessoas têm para digerir a quantidade de
informação disponível.
E) a utilização dos
meios de informação acontece de maneira desorganizada e sem controle efetivo.
QUESTÃO 25
Logia
e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas
olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
CACASO. Lero-lero.
Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
O título do poema
explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento
histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto
afirmar que
A) o poeta utiliza
uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
B) “morcegos”,
“cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.
C) o “porco”, animal
difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
D) o
poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de
impacto
E) “centuriões” e
“sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.
QUESTÃO 26
Desabafo
Desculpem-me,
mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não
tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela
luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem
respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que
venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO,
J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos textos em geral,
é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o
predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo,
a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
A) o discurso do
enunciador tem como foco o próprio código.
B) a
atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
C) o interlocutor é o
foco do enunciador na construção da mensagem.
D) o referente é o
elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
E) o enunciador tem
como objetivo principal a manutenção da comunicação.
QUESTÃO 27
Entrevista
com Marcos Bagno
Pode
parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da
língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX
faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter”
no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os
portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse
uso existencial do verbo “ter”.
No
entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas
desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de
português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos
esses usos de nossos excolonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros,
angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E
assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação
pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas
ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua
diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não
faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de
fora.
Não
faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar
certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de
São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!
Informativo
Parábola Editorial,
s/d.
Na entrevista, o
autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão
em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A)
adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero
entrevista requer o uso da norma padrão.
B) apresenta
argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de
vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
C) propõe que o
padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a
norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
D) acredita que a
língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar
em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
E) defende que a
quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar
com a hegemonia do antigo colonizador.
QUESTÃO 28
O
léxico e a cultura
Potencialmente,
todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer
conteúdo. A pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há diferença
qualitativa entre os idiomas do mundo — ou seja, não há idiomas gramaticalmente
mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser
efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na prática
histórica do idioma, o que nem sempre acontece. Teoricamente, uma língua com
pouca tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já
extinta (como o latim ou o grego clássicos) podem ser empregadas para falar
sobre qualquer assunto, como, digamos, física quântica ou biologia molecular.
Na prática, contudo, não é possível, de uma hora para outra, expressar tais
conteúdos em camaiurá ou latim, simplesmente porque não haveria vocabulário
próprio para esses conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse
vocabulário específico, seja por meio de empréstimos de outras línguas, seja
por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas tal tarefa não se
realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI
FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do
professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).
Estudos
contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e
dinâmica de funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que
enfatiza
A) a inexistência de
conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla visão de mundo
particular específica de uma cultura.
B) a existência de
línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se comunicar
perfeitamente a respeito de qualquer conteúdo.
C) a tendência a
serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas indígenas, se
comparados com outras línguas de origem europeia.
D) a
existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades
relacionadas à própria cultura dos falantes de uma comunidade.
E) a atribuição de
maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois permitem que
sejam abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.
QUESTÃO 29
A
substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do
Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da
língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do
domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e
Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência
de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em
textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se
evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos
clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial
com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século
XVIII por Said Ali.
Como
se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento
deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma
norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria
língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros
usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D.
A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado.
In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev.
2012 (adaptado).
Para a autora, a
substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
A) o estabelecimento
de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
B) os estudos
clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
C) a avaliação
crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
D) a adoção de uma única
norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
E) os
comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição
linguística.
QUESTÃO 30
BARDI, P.
M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.
Com contornos
assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por
um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas
(MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua
obra revela
A) liberdade,
representando a vida de mineiros à procura da salvação.
B) credibilidade,
atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
C) simplicidade,
demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
D)
personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
E) singularidade,
esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
QUESTÃO 31
Lugar
de mulher também é na oficina. Pelo menos nas oficinas dos cursos da área
automotiva fornecidos pela Prefeitura, a presença feminina tem aumentado ano a
ano. De cinco mulheres matriculadas em 2005, a quantidade saltou para 79 alunas
inscritas neste ano nos cursos de mecânica automotiva, eletricidade veicular,
injeção eletrônica, repintura e funilaria. A presença feminina nos cursos
automotivos da Prefeitura — que são gratuitos — cresceu 1 480% nos últimos sete
anos e tem aumentado ano a ano.
Disponível em:
www.correiodeuberlandia.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).
Na produção de um
texto, são feitas escolhas referentes a sua estrutura, que possibilitam inferir
o objetivo do autor. Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado “Lugar
de mulher também é na oficina” corrobora o objetivo textual de
A)
demonstrar que a situação das mulheres mudou na sociedade contemporânea.
B) defender a
participação da mulher na sociedade atual. C comparar esse enunciado com outro:
“lugar de mulher é na cozinha”.
D) criticar a
presença de mulheres nas oficinas dos cursos da área automotiva.
E) distorcer o
sentido da frase “lugar de mulher é na cozinha”.
QUESTÃO 32
Aquele
bêbado
—
Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou:
— Álcool.
O
mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos
de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana,
embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
—
Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só
ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no
meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava
inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE,
C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do
personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto
porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
A)
metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
B) aproximação
exagerada da estética abstracionista.
C) apresentação
gradativa da coloquialidade da linguagem.
D) exploração
hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
E) citação aleatória
de nomes de diferentes artistas.
QUESTÃO 33
O
trovador
Sentimentos em mim do
asperamente
dos homens das
primeiras eras...
As primaveras do
sarcasmo
intermitentemente no
meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um
doente, um frio
na minha alma doente
como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo
um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de
Mário de Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Cara ao Modernismo, a
questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de
Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
A) abordado
subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando
o carnaval, remete à brasilidade.
B) verificado já no
título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade
em suas viagens e pesquisas folclóricas.
C) lamentado pelo eu
lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v.
1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde
“Dlorom” (v. 9).
D)
problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a
síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald
de Andrade.
E) exaltado pelo eu
lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o
orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.
QUESTÃO 34
O
hipertexto refere-se à escritura eletrônica não sequencial e não linear, que se
bifurca e permite ao leitor o acesso a um número praticamente ilimitado de
outros textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o
leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a partir
de assuntos tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa ou a tópicos
estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma de estruturação textual que
faz do leitor simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se
caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura eletrônica
multilinearizado, multisequencial e indeterminado, realizado em um novo espaço
descrita. Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um tema, o
hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos graus de profundidade
simultaneamente, já que não tem sequência definida, mas liga textos não
necessariamente correlatos.
O computador mudou
nossa maneira de ler e escrever, e o hipertexto pode ser considerado como um
novo espaço de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos autônomos
de texto, apresentado em meio eletrônico computadorizado e no qual há remissões
associando entre si diversos elementos, o hipertexto
A ) é uma estratégia
que, ao possibilitar caminhos totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao
confundir os conceitos cristalizados tradicionalmente.
B) é uma forma
artificial de produção da escrita, que, ao desviar o foco da leitura, pode ter
como consequência o menosprezo pela escrita tradicional.
C) exige do leitor um
maior grau de conhecimentos prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes
nas suas pesquisas escolares.
D) facilita a
pesquisa, pois proporciona uma informação específica, segura e verdadeira, em qualquer site de
busca ou blog oferecidos
na internet.
E)
possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura, sem seguir
sequência predeterminada constituindo-se em atividade mais coletiva e
colaborativa.
QUESTÃO 35
TEXTO I
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora Vossas Senhorias?
MELO NETO,
J. C. Obra completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1994 (fragmento)
TEXTO II
João
Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante
Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A
autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um
Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços
biográficos são sempre partilhados por outros homens.
SECCHIN,
A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topboôks, 1999
(fragmento).
Com base no trecho de
Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II),
observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele
faz referência aponta para um problema social expresso literalmente pela
pergunta “Como então dizer quem fala / ora Vossas Senhorias?”. A pergunta
expressa no poema é dada por meio da
A)
descrição
minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
B ) construção da
figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.
C)
representação, na figura do personagem-narrador de outros
Severinos que compartilham sua condição.
D) apresentação do personagem-narrador como uma
projeção do próprio poema, em sua crise existencial.
E) descrição de
Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel
Zacarias.
QUESTÃO 36
Disponível
em: www.ccsp.com.br. Acesso em: 26 jul. 2010 (adaptado).
O anúncio
publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando sua função é
vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e
extralinguísticos para divulgar a atração “Noites do Terror”, de um parque de
diversões. O entendimento da propaganda requer do leitor
A) a identificação com o público-alvo a que se
destina o anúncio.
B) a avaliação da
imagem como uma sátira às atrações de terror.
C) a atenção para a
imagem da parte do corpo humano selecionada aleatoriamente.
D) o
reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.
E) a percepção do
sentido literal da expressão “noites do terror”, equivalente à
expressão “noites de terror”.
QUESTÃO 37
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade...
E o povo pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha as ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade...
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua
frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente...
ROSA, N.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
TEXTO II
Um
vulto da história da música popular brasileira, reconhecido nacionalmente, é
Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; portanto se estivesse vivo,
estaria completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade, vítima de
tuberculose, deixando um acervo de grande valor para o patrimônio cultural
brasileiro. Muitas de suas letras representam a sociedade contemporânea, como
se tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível
em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
Um texto pertencente
ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na medida em que ele
se refere a valores e situações de um povo. A atualidade da canção Onde está
a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se por meio
A) da
ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa de alguns.
B) da crítica aos
ricos que possuem joias, mas não têm herança.
C) da maldade do povo
a perguntar sobre a honestidade.
D) do privilégio de
alguns em clamar pela honestidade.
E) da insistência em
promover eventos beneficentes.
QUESTÃO 38
Quem
é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os
pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui,
risonho e habilidoso. Pergunto: ̶ Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas
como todo o mundo faz? ̶ Quero criar nada, não... ̶ me deu resposta: ̶ Eu
gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu,
tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do
lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
trouxeram nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos exigindo em território
baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor
sabe.
ROSA, J.
G.Grande Sertão: Veredas. Rio de
Janeiro: José Olympio (fragmento)
Na passagem citada,
Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma
desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas
pela concentração de terras e pela relação
de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação
porque o personagem-narrador
A) relata a seu
interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar
seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de
trabalho.
B) descreve o
processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário
de terra.
C) denuncia a falta
de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
da terra.
D) mostra
como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla
condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
E) mantém o
distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de
terras.
QUESTÃO 39
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia
eletrônica me lembra a discussão idêntica sobre a obsolência do folheto de
cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo
que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos
Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico,
em “chips quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal,
capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille,
folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto
pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick
ou Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas
de Casseta & Planeta.
Ao refletir sobre a
possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via
eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
A) o coronel é um dos
gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia.
B) o livro impresso
permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores
culturais.
C) o surgimento da
mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes
impressos.
D) os
textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo
que os livros desapareçam.
E) os livros
impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias
dos mais diversos gêneros.
QUESTÃO 40
Não
tem tradução
[...]
Lá no morro, se eu
fizer uma falseta
A Risoleta desiste
logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso
morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
[...]
Essa gente hoje em dia que tem mania
de exibição
Não entende que o samba não tem
tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com vos macia é brasileiro, já passou
de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love
you
Esse negócio de alô, alô boy e alô
Johnny
Só pode ser de telefone
ROSA, N. In:
SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista
Língua Portuguesa.
Ano 4, nº
54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).
As canções de Noel
Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada
preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no
Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba Não
tem tradução, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe
A) incorporar novos
costumes de origem francesa e americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
B) respeitar e
preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.
C)
valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma
legítima de identidade nacional.
D) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
D) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
E) ironizar a
malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades
mais desenvolvidas.
QUESTÃO 41
A
dança é um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro
é rico em danças que representam as tradições e a cultura de várias regiões do país.
Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos,
acontecimentos do cotidiano e brincadeiras e caracterizam-se pelas músicas
animadas (com letras simples e populares), figurinos e cenários
representativos.
SECRETARIA
DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação Física. São
Paulo:2009 (adaptado)
A dança, como
manifestação e representação da cultura rítmica, envolve a expressão corporal
própria de um povo. Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela
A) manifestações afetivas, históricas, ideológicas,
intelectuaise espirituais de um povo, refletindo seu modo de expressar-se no
mundo.
B) aspectos
eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo,
desconsiderando fatos
C) acontecimentos do
cotidiano, sob influência mitológica e religiosa de cada região, sobrepondo
aspectos políticos.
D) tradições
culturais de cada região, cujas manifestações rítmicas são classificadas em um ranking
das mais originais.
E) lendas, que se
sustentam em inverdades históricas, uma vez que são inventadas, e servem apenas
para a vivência lúdica de um povo.
QUESTÃO 42
Cultivar
um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de
infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que
manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já
reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é
importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose
no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física,
fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses
casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.
ATALIA, M.
Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.
As ideias veiculadas
no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do
sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
A) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
B) o conectivo “mas
também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
C) o termo “como”, em
“como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
D) o termo “Também”
exprime uma justificativa.
E) o termo “fatores”
retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.
QUESTÃO 43
Conceitos
e importância das lutas
Antes
de se tornarem esporte, as lutas ou as artes marciais tiveram duas conotações
principais: eram praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo
filosófico como concepção de vida bastante
significativo.
Atualmente,
nos deparamos com a grande expansão das artes marciais em nível mundial. As
raízes orientais foram se disseminando, ora pela necessidade de luta pela
sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as
artes marciais como própria filosofia de vida.
CARREIRO,
E. A. Educação Física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).
Um dos problemas da
violência que está presente principalmente nos grandes centros urbanos são as
brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas, além da formação de
gangues, que se apropriam de gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em
fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da aprendizagem desses movimentos foi
mal compreendido, afinal as lutas
A) se tornaram um
esporte, mas eram praticadas com o objetivo guerreiro a fim de garantir a
sobrevivência.
B)
apresentam a possibilidade de desenvolver o autocontrole, o respeito ao outro e
a formação do caráter.
C) possuem como
objetivo principal a “defesa pessoal” por meio de golpes agressivos sobre o
adversário.
D) sofrem
transformações em seus princípios filosóficos em razão de sua disseminação pelo
mundo.
E) se disseminaram
pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.
QUESTÃO 44
O
tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos
tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e
orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota,
primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E
depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida
longa, o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de
celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as
palavras de
Cícero sobre
envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
NOGUEIRA,
P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.
O autor discute
problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a
inferir que seu objetivo é
A) esclarecer que a
velhice é inevitável.
B) contar fatos sobre
a arte de envelhecer.
C) defender a ideia
de que a velhice é desagradável.
D) influenciar o
leitor para que lute contra o envelhecimento.
E)
mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.
QUESTÃO 45
LEINER, N.
Tronco com cadeira (detalhe), 1964. Disponível em:
http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
Nessa
estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi exaltado de maneira ilimitada
e ganhou um significado que se pode considerar mágico. Daí sua “vida
inquietante e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de zombaria.
Sua realidade intrínseca foi anulada.
JAFFÉ, A.
O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G. (org.). O homem e seus
símbolos.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
A relação observada
entre a imagem e o texto apresentados permite o entendimento da intenção de um
artista contemporâneo. Neste caso, a obra apresenta características
A) funcionais e
sofisticação decorativa.
B) futuristas e do
abstrato geométrico.
C) construtivistas e
de estruturas modulares.
D)
abstracionistas e de releitura do objeto.
E) figurativas e de
representação do cotidiano.
QUESTÃO 46
No
capricho
O
Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo delegado, olhava para um quadro,
a pintura de uma senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o caboco admirava tal figura, perguntou: Que
tal? Gosta deste quadro
E
o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao caboco da roça: Mas pelo
amor de Deus, heim, dotô! Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente
do deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no escuro.”
Ao
que o delegado não teve como deixar de confessar, um pouco secamente: “É minha
mãe.” E o caboco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é
uma feiura caprichada.”
BOLDRIN,
R. Almanaque Brasil de Cultura Popular.
São Paulo:
Andreato Comunicação e Cultura, nº 62, 2004 (adaptado).
Por suas características formais, por
sua função e uso, o texto pertence ao gênero
A)
anedota, pelo enredo e humor característicos.
B) crônica, pela abordagem literária
de fatos do cotidiano.
C) depoimento, pela apresentação de
experiências pessoais.
D) relato, pela descrição minuciosa de
fatos verídicos.
E) reportagem, pelo
registro impessoal de situações reais.
QUESTÃO 47
TEXTO
I
Toca do
Salitre - Piauí
Disponível
em: http://www.fumdham.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
TEXTO
II
Arte
Urbana. Foto: Diego Singh
Disponível
em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
O grafite
contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido
comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas.
Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns
entre os tipos de pinturas murais, tais como
A) a preferência por
tintas naturais, em razão de seu efeito estético.
B) a inovação na
técnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos.
C) o
registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas.
D) a repetição dos temas e a restrição
de uso pelas classes dominantes.
E) o uso exclusivista da arte para
atender aos interesses da elite.
QUESTÃO 48
Estrada
Esta estrada onde
moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que
uma avenida urbana.
Nas cidades todas as
pessoas se parecem.
Todo mundo é igual.
Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se
bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é
única.
Até os cães.
Estes cães da roça
parecem homens de negócio:
Andam sempre
preocupados.
E quanta gente vem e
vai!
E tudo tem aquele
caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a
carrocinha de leite puxada por um
bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio
da água, para sugerir, pela voz
dos símbolos,
Que a vida passa! que
a vida passa!
E que a mocidade vai
acabar.
BANDEIRA,
M. O ritmo dissoluto. Rio de
Janeiro: Aguilar, 1967.
A lírica de Manuel
Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos
do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre
campo e cidade aponta para
A) o desejo do eu
lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua
nostalgia com relação à cidade.
B) a
percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente
inércia da vida rural.
C) a opção do eu
lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua
juventude.
D) a visão negativa
da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
E) a profunda
sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.
QUESTÃO 49
No
Brasil, a condição cidadã, embora dependa da leitura e da escrita, não se basta
pela enunciação do direito, nem pelo domínio desses instrumentos, o que, sem
dúvida, viabiliza melhor participação social. A condição cidadã depende,
seguramente, da ruptura com o ciclo da pobreza, que penaliza um largo
contingente populacional.
Formação de leitores e construção da
cidadania, memória e presença do PROLER.
Rio de Janeiro: FBN, 2008
Ao argumentar que a
aquisição das habilidades de leitura e escrita, não são suficientes para
garantir o exercício da cidadania, o autor
A) critica os
processos de aquisição da leitura e da escrita.
B) fala sobre o
domínio da leitura e da escrita no Brasil.
C) incentiva a
participação efetiva na vida da comunidade.
D) faz
uma avaliação crítica a respeito da condição cidadã do brasileiro.
E) define
instrumentos eficazes para elevar a condição social da população do Brasil.
QUESTÃO 50
Quando os portugueses
se instalaram no Brasil, o país era povoado de índios. Importaram, depois, da
Africa, grande número de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem,
durante o período colonial, as três bases da população brasileira. Mas, no que
se refere à cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais notada.
Durante
muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado como línguas de
comunicação. Era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em
1694, dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em
São Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os
filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se
fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola.”
TEYSSIER,
P. História da Língua Portuguesa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984
(adaptado).
A identidade de uma
nação está diretamente ligada à cultura de seu povo. O texto mostra que, no
período colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro formaram a base da
população e que o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
A) contribuição dos
índios na escolarização dos brasileiros.
B) diferença entre as
línguas dos colonizadores e as dos indígenas.
C) importância do
padre Antônio Vieira para a literatura de língua portuguesa.
D) origem das
diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi.
E)
interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
QUESTÃO 51
Disponível
em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
O texto é uma
propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A
estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no
emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com vistas a
A) ridicularizar a
forma física do possível cliente do produto anunciado, aconselhando-o a uma
busca de mudanças estéticas.
B) enfatizar a
tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando
tal postura.
C) criticar o consumo
excessivo de produtos industrializados por parte da população, propondo a
redução desse consumo.
D)
associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a
substituição desse produto pelo adoçante.
E) relacionar a
imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve atividades
físicas, incentivando a prática esportiva.
QUESTÃO 52
Há
certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do
estrato social e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida,
previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão,
pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de
mudança que não podem ser bloqueados em nome de um “ideal linguístico” que
estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por
haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante),
o do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a
não-concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da
existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas,
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem
implicar juízo de valor.
CALLOU, D.
Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino
de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
Considerando a reflexão
trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que
A) estudantes que não
conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam,
indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto
escrito.
B)
falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos
que confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada,
mesmo por falantes mais escolarizados.
C) moradores de
diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita
revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos
especiais de concordância.
D) pessoas que se
julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de
apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da
norma padrão.
E) usuários que
desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do
verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver,
contrariando as regras gramaticais.
O que
é possível dizer em 140 caracteres?
Sucesso
do Twitter no Brasil é oportunidade única de compreender a importância da
concisão nos gêneros de escrita
A
máxima “menos é mais” nunca fez tanto sentido como no caso do microblog Twitter,
cuja premissa é dizer algo ̶ não importa o quê ̶ em
140 caracteres. Desde que o serviço foi criado, em 2006, o número de usuários
da ferramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de usos que se faz
dela. Do estilo “querido diário” à literatura concisa, passando por aforismos,
citações, jornalismo, fofoca, humor etc., tudo ganha o espaço de um tweet (“pio” em inglês), e entender seu sucesso
pode indicar um caminho para o aprimoramento de um recurso vital à
escrita: a concisão.
Disponível
em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).
O Tweeter se presta a diversas
finalidades, entre elas, à comunicação concisa, por isso essa rede social
A) é um recurso
elitizado, cujo público precisa dominar a língua padrão.
B) constitui recurso
próprio para a aquisição da modalidade escrita da língua.
C) é restrita à
divulgação de textos curtos e pouco significativos e, portanto, é pouco útil.
D) interfere
negativamente no processo de escrita e acaba por revelar uma cultura pouco
reflexiva.
E)
estimula a produção de frases com clareza e objetividade, fatores que
potencializam a comunicação interativa.
gostei do material, obrigada.
ResponderExcluirObrigado pelo conteúdo do material!!
ResponderExcluirObrigado pelo conteúdo do material!!
ResponderExcluirEusébia, Unknom e Claiton é com grande prazer que lhes respondo para agradecer os comentários e desejar que estas questões lhes ajude a entender as questões do ENEM!
ResponderExcluirmuito bom
ResponderExcluirmuito bom
ResponderExcluirObrigada por compartilhar um material tão útil.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar um material tão útil.
ResponderExcluirMuito bom poder compartilhar de experiências em linguagens com vocês. Obrigada.
ResponderExcluirObrigada. Gostei muito do material. Showw.
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ResponderExcluirYour 원주 출장안마 favorite 경주 출장안마 slot 서울특별 출장안마 machines. No registration required! Get $20 free to play slots, blackjack, and video poker 안산 출장안마 machines 김포 출장샵 at Slot Machines at Jammy Casino.